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Após denunciar perseguição no Congresso dos EUA, aldeia de bispo na Nigéria é atacada

Um bispo nigeriano foi ameaçado e sua aldeia natal foi atacada por terroristas islâmicos, após ele falar sobre a perseguição v...

Após denunciar perseguição no Congresso dos EUA, aldeia de bispo na Nigéria é atacada
Após denunciar perseguição no Congresso dos EUA, aldeia de bispo na Nigéria é atacada (Foto: Reprodução)

Um bispo nigeriano foi ameaçado e sua aldeia natal foi atacada por terroristas islâmicos, após ele falar sobre a perseguição violenta na Nigéria durante uma audiência no Congresso dos Estados Unidos.

Wilfred Anagbe, um líder da Igreja Católica, relatou que depois que foi à Washington, em março, para denunciar a onda de violência contra comunidades cristãs no estado de Benue, recebeu ameaças de autoridades nigerianas.

Em abril, várias embaixadas estrangeiras na Nigéria avisaram o bispo que ele poderia ser preso ao desembarcar no país e que "algo poderia acontecer com ele".

A situação levou o deputado americano Chris Smith a declarar em um comunicado: "Estou chocado com os relatos de que o bispo Wilfred Anagbe e o padre Remigius Ihyula (que testemunhou ao lado do bispo Anagbe) estão enfrentando ameaças – supostamente de fontes do governo nigeriano e organizações afiliadas – por causa do testemunho do bispo perante o Congresso detalhando a violência no estado de Benue. Eles refletem um padrão preocupante de retaliação ligado ao testemunho perante o Congresso sobre abusos da liberdade religiosa na Nigéria”.

Mais de 20 pessoas mortas

Em seguida, os ataques começaram na área de Makurdi. No total, quatro ataques ocorreram entre 23 de maio e 1º de junho. 

“O que está acontecendo em minha aldeia e diocese é nada menos que ataques terroristas contra aldeões inocentes para tomar suas terras e ocupar", afirmou Wilfred, em entrevista à Fox News.

Ele relatou que um padre chegou a ser baleado pelos terroristas. "No dia 23 de maio, um dos meus sacerdotes, Solomon Atongo, quase perdeu a vida. No dia 25 de maio, minha aldeia, Aondona, foi atacada por horas, deixando mais de 20 pessoas mortas, dezenas de feridos e milhares agora deslocadas e vivendo em acampamentos improvisados", disse.

E continuou:“No dia 1º de junho, o terror foi desencadeado na cidade de Naka, com muitos mortos. Este ataque foi tão intenso que mesmo aqueles que antes estavam deslocados e se refugiaram em uma escola próxima não foram poupados. Em toda a Nigéria, esses terroristas estão fazendo uma jihad e conquistando territórios”.

Wilfred Anagbe fez um apelo à comunidade internacional para que tome medidas para parar o genocídio de cristãos que acontece há anos na Nigéria.

"O mundo tem muito a fazer. Em primeiro lugar, o mundo deve aprender com os erros do passado, o Holocausto e, mais recentemente, o genocídio de Ruanda. Em ambos os casos, o mundo escondeu o rosto na areia como um avestruz”, declarou. 

E ressaltou: “Se o mundo não se levantar agora para acabar com as atrocidades orquestradas em nome do politicamente correto, poderá acordar um dia com as baixas que tornam o genocídio de Ruanda uma brincadeira de criança. Ficar quieto seria promover o genocídio ou a limpeza étnica na Nigéria’.

Mais de 10 mil mortos desde 2023

Desde maio de 2023, pelo menos 10.217 nigerianos foram mortos em ondas de violência em várias partes do país, de acordo com dados reunidos por organizações da sociedade civil e da imprensa.

Segundo a Anistia Internacional Nigéria, mais de 6.896 dessas mortes ocorreram no estado de Benue, enquanto o estado de Plateau registrou cerca de 2.630 vítimas.

O mesmo relatório revela que 672 aldeias foram saqueadas apenas nos estados de Benue, Plateau e Kaduna. Muitas dessas comunidades eram assentamentos agrícolas de maioria cristã.

O governador do estado de Plateau, Caleb Mutfwang, classificou os ataques como um "genocídio".

A crise humanitária provocada pela violência continua se intensificando. Milhares de pessoas deslocadas estão refugiadas em escolas, igrejas e áreas abertas, enfrentando escassez de água potável, alimentos e atendimento médico.

A Nigéria ocupa o 7° lugar da Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas.